Os brasileiros estão
sendo vítimas de desinformação, de criminosos e de um governo absolutamente
incapaz de dizer a verdade e de resolver o problema que aflige a sociedade.
A primeira coisa que
temos de dizer com todas as letras é que a “greve” dos caminhoneiros é espúria,
desonesta e contra os interesses da população brasileira. Sem que se tenha em
mente isso, seremos incapazes de compreender a verdadeira natureza do colapso
dos transportes no Brasil.
Obviamente que o que
vem acontecendo em nosso país é resultado de uma visão míope da classe política
sobre as necessidades de desenvolvimento e de planejamento de transportes,
porque num país de dimensões continentais, com a rede hidroviária e mais de
7000 Km de litoral, obviamente teríamos de ter desenvolvido navegação de cabotagem,
uma malha ferroviária e hidroviária que não permitisse a dependência de
caminhões como hoje se apresenta.
Mas isso não se
resolve em 7 dias!
Para entender os
momentos kafkianos que vivemos, em que um governo incompetente, incapaz e
despreparado anuncia um acordo, antes de entender o que está acontecendo e onde
nenhum ministro ainda foi demitido por incompetência, principalmente aqueles
responsáveis pela inteligência, há que se entender o que levou à atual situação.
Em 2006 o governo do
PT propôs o programa de financiamento para a compra de caminhões
(Procaminhoneiro), lançado como nova tentativa de atender à necessidade de
renovação da frota brasileira de veículos.
“- Espero que
estejamos fazendo a coisa certa. Espero que não seja mais uma medida que não
tenha resultado” - afirmou à época Lula da Silva, ao lançar o Procaminhoneiro.
O governo federal
passou a liberar créditos pelo FINAME, linha de crédito do BNDES, para a aquisição
de caminhões. Ora, enquanto a economia brasileira crescia e se aquecia, a
demanda por serviços de transportes aumentou e com isso o frete subiu e estimulou
ainda mais o crescimento das frotas de transportadoras.
Nesse mesmo período o
Estado brasileiro embrenhou-se na Nova Matriz Econômica, uma maquiagem do velho
Nacional Desenvolvimentismo do Regime Civil Militar e tinha como um de seus
pilares a intervenção do Estado na Economia, com controle dos preços dos
combustíveis artificialmente para conter a inflação e estimular artificialmente
a atividade.
Como resultado dos
desmandos econômicos do período Dilma, a CIDE acabou por zerar e a Petrobrás só
não foi à falência porque é uma empresa de capital misto e não se tem coragem
de reconhecer que ela quase se tornou inviável.
Como resultados dos
desmandos e da ensandecida condução da Economia pelo governo de Dilma Rousseff,
em 2015 o PIB per capita recuou 4,3% e em 2016 outro recuo de 4,2%. Ou seja, em
2 anos o país recuou 8,32% per capita. O colapso da economia determinou uma redução
intensa da atividade econômica, consequentemente, os preços deprimiram e por
óbvio, o preço dos fretes também deprimiu, por excesso de oferta do serviço e
falta de demanda!
Concomitantemente, a
Petrobrás para não quebrar teve de instituir uma administração responsável e
uma política de preços realistas. Chamou-se um CEO insuspeito, Pedro Parente,
que passou a aplicar preços internacionais para os produtos da estatal.
Como as desgraças não
vêm sozinhas, neste período Trump assume a presidência dos EUA e a instabilidade
política internacional e o colapso da produção na Venezuela, um dos maiores
produtores internacionais, fez o barril de petróleo mais que dobrar seus preços
em um ano alcançando U$ 85!
Pior, vivemos um período
eleitoral marcado pela desconfiança e pela imprevisibilidade. O Dólar se
valoriza no mundo pelo aumento da taxa de juros na América e porque começa a
haver uma desconfiança geral nos mercados o que leva à especulação contra a
moeda brasileira, estourando o valor do Dólar contra o Real.
Como reconheceu Márcio
França, governador de São Paulo, os transportadores estão começando a pagar
para trabalhar, mas a culpa não é do povo brasileiro. Em última análise não é
responsabilidade do Estado Brasileiro.
Quando a oferta de um
serviço é superior à demanda por ele, seus preços se deprimem. Quando a
atividade econômica entra em colapso, a demanda por transporte fatalmente irá diminuir
e como consequência seu valor será menor.
Em contrapartida,
temos de ter uma política honesta e séria de preços dos combustíveis além de
ter de repor na Petrobrás tudo que foi roubado pelos governos de Lula e Dilma,
na medida em que a estatal não é do povo brasileiro, mas de seus investidores e
estes ganham na justiça o direito de ver ressarcidos os prejuízos causados pela
elite política corrupta.
Ora, temos que
entender que quem está promovendo a “greve” dos transportes não são em
princípio os transportadores autônomos. Estes apenas estão colocando a corda no
próprio pescoço, após comprarem a ideia de paralisarem o Brasil, para que os
grandes transportadores consigam transferir o colapso da sua atividade para a
bolsa da viúva.
O que vemos é que as
leis de mercado determinaram que deverá haver um profundo e doloroso ajuste do
setor de transportes, com redução da frota e maximização de sua eficiência. Com
a “greve” que busca basicamente transferir renda da sociedade brasileira para
os grandes transportadores, o que se deseja é novamente repactuar o que já
conhecemos no Brasil: privatizar lucros e socializar prejuízos.
A “greve” busca
transferir para o pagador de impostos brasileiro a crise do setor de
transportes. Como vivemos o momento de crise que necessariamente levaria a um
novo ajuste com, obviamente, dolorosas perdas para os transportadores e que só
será aplacada quando houver um equilíbrio entre oferta e demanda do serviço,
provavelmente com falências, com perdas de postos de trabalho, os grandes
transportadores resolveram fazer o “locaute” e iludiram os autônomos para que
comprassem a ideia de colocar de joelhos a sociedade brasileira.
Ocorre que, os
transportadores autônomos são apenas marionetes e não percebem que cada dia de
paralização da economia o PIB deprime ainda mais, a recuperação econômica, que
já está comprometida, não acontece e como resultado, a demanda por transportes
deprime ainda mais, os fretes deveriam ainda diminuir e é por isso que buscam
uma tabela mínima de frete, algo impensável numa economia de mercado.
O que acontecerá com
o movimento é uma concentração do setor de transportes e não um crescimento,
haverá menos demanda pelo serviço e quem sobreviverá serão os grandes
transportadores que se prepararam para o colapso da economia, retirando do
setor exatamente aqueles que parecem ser os líderes da “greve”, o transportador
autônomo.
Com o atual movimento,
os grandes empresários do transporte transferem para a sociedade brasileira o
ônus do colapso econômico do governo Lulo-petista, afastam do mercado
necessariamente, os transportadores autônomos, fazem retornar ao horizonte do
Brasil tabelas de frete e controle artificial de preços de derivados de
petróleo e ressuscitam os famigerados subsídios que são o veneno mortal contra
o desenvolvimento econômico.
Hoje, os inocentes
úteis, transportadores autônomos, estão colocando a corda em seus pescoços,
arruinando a economia do país, privatizando lucros e socializando os prejuízos
dos grandes transportadores e por fim, produzindo dor, revolta e sofrimento
numa crise de desesperança que não tem solução fora do mercado.
Tal solução é
dolorosa, demorada e não pode ser atendida plenamente por um governo sem
autoridade.
O resto é mentira,
engodo e a sociedade é refém de um movimento desonesto e espúrio!