O (des)governo federal anunciou que o
“acordo” firmado entre os caminhoneiros e a União estava concluído e que agora
o que se espera é bom senso e o retorno da categoria ao trabalho.
Ocorre que não existe qualquer acordo!
Na realidade o governo da União capitulou absolutamente frente ao “locaute”
promovido pelas empresas de transportes. E capitulou não só vergonhosa e
totalmente, como sem sequer conseguir manter as aparências de ter forças para
fazer valer o direito de a sociedade brasileira ser atendida em suas
necessidades.
Não há greve de caminhoneiros. O que
há é um colapso da economia e um excesso de oferta de um serviço que como todo
o resto da economia brasileira apresenta uma redução da demanda e por
consequência uma retração do tamanho do setor e dos preços de seu serviço.
Não há no Brasil dados seguros sobre a
demanda de serviços de transporte, sobre a sua oferta e o que está acontecendo
com o setor. Não há planejamento, não há estatísticas confiáveis, não há
estudos sobre a viabilidade de modais alternativos.
A sociedade brasileira está refém de
um setor empresarial que provocará necessariamente a concentração do mercado, a
progressiva supressão dos transportadores autônomos, e como repetidas vezes em
nossa história, a privatização de lucros e a socialização do prejuízo.
Sim, governador Márcio França, os
caminhoneiros estão pagando para trabalhar, mas isto é porque o governo
lulo-petista levou o nosso país para a maior recessão de nossa história. Nossa
economia está estagnada! A responsabilidade desse escandaloso desastre é a
política econômica implementada de 2005 a 2016. Falta de responsabilidade,
falta de planejamento, corrupção e insanidade.
Mas não são só os motoristas que estão
pagando a conta do colapso econômico da famigerada Nova Matriz Econômica. Há,
não podemos nunca esquecer, 13 milhões de desempregados. A “greve” dos
caminhoneiros não ajuda estes desvalidos, aliás, a paralização só fará aumentar
o desemprego, estagnar ainda mais a economia e levar desalento, desesperança e
sofrimento para um número ainda maior de lares brasileiros.
Não, não há motivos para apoiar a
autoproclamada greve dos caminhoneiros. Hortifrutigranjeiros apodrecem no campo
e as famílias deles dependentes passarão fome. Granjas estão sacrificando
pintainhos. Mercadorias estão deixando de circular e ser produzidas. Mais
pessoas perderão o emprego. O Brasil ficou refém de um grupo de vândalos que
convenceu um bando de inocentes úteis, os motoristas autônomos, que estão
fazendo a coisa certa. Mas, não estão.
O governo do Paraná chegou a anunciar
destinar mais créditos para a aquisição de caminhões. Será que não há ninguém
preparado para perceber que o problema é exatamente o excesso de oferta do
serviço numa economia em retração? Será que não há ninguém preparado para dizer
o que vivemos de verdade, que temos um “Locaute”? Será que não há ninguém
preparado para avisar que se solidarizar com aqueles que sequestram os direitos
da sociedade brasileira é escarnecer desses direitos, das garantias e da
felicidade do cidadão?
Não há solução para a “greve”, porque
ela não é uma greve, é uma chantagem de grandes setores empresariais dos
transportes contra um governo fraco e incapaz. Sequestraram os direitos da
sociedade brasileira e as instituições estão expondo toda a sua incapacidade de
administrar a coisa pública.
Desculpem-me a sinceridade! Mas isso
que está aí não é acordo! Isto que está aí é chantagem, sequestro! E isso é
CRIME!
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