Desde o falecimento do Ministro Teori
Zavaski o Brasil vive uma expectativa. Qual será a partir das decisões da
presidente do Supremo o destino da operação que passa a limpo o país?
Inicialmente o discurso ficou um pouco
ambíguo, com a presidente do STF dizendo que aguardaria a indicação do novo
ministro pelo Presidente Michel Temer, e este dizendo, que aguardaria para
fazer a indicação após aquela ter decidido a quem redistribuir o processo da
Lava Jato na Corte.
Entre idas e vindas, com a agitação
política causada pelas 77 delações premiadas da Odebrecht, achou por bem a
presidente do STF consultar seus pares e por fim, acabou por homologar as
delações mantendo o seu sigilo.
De certa forma a decisão é acertada,
porque ela retira de si os holofotes, não quer ganhar notoriedade e criar
embaraços ao mundo político mas, de outro ângulo, a demora em decidir o novo
relator e levantar o sigilo, causa desconfianças de proteção e priva a opinião
pública do direito inalienável à informação. A uma informação que é fundamental
para começar a formar juízo sobre os homens que têm ou não, estatura moral para
governar o país.
Entre idas e vindas, aposta-se em
sorteio entre todos os ministros, entre apenas os componentes da segunda
Câmara, na transferência para esta do Ministro Luiz Edson Fachin, enfim, um
“samba do crioulo doido”.
Fala-se que o supremo pode optar por
interpretações mais políticas ou mais jurídicas. O problema é que tais incertezas,
tais discussões e o tempo que demandam, passam uma imagem equivocada ao
cidadão, ao brasileiro que vê o pouco poder normativo, o pouco poder diretivo
da Constituição, tornando a Ordem Jurídica um documento quase bíblico que pode
ser interpretado ao bel prazer daquele que o invoca.
Certamente entre os quatro membros da
segunda Câmara; Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandovski e Celso de
Mello, há pelo menos 3 que deveriam declarar-se suspeitos, na medida em que,
mantêm laços de amizade, ou tomaram posturas declaradamente públicas quanto à
evolução do processo.
O próprio risco iminente de Dias
Toffoli ser sorteado relator, quando sua ida para a segunda Câmara já foi um
escândalo nacional, até pelo seu íntimo envolvimento com a elite petista no
período em que esteve no Governo, é por demais estarrecedor para ser
vislumbrado, na medida que esse ministro não vê impedimentos e suspensões onde
elas são obscenamente óbvias.
Neste momento, Cármen Lúcia deveria
estar muito preocupada com a imagem que a Corte Suprema passará à sociedade,
qual a mensagem que dará ao povo, qual o compromisso que irá estabelecer com a
Ordem Jurídica. Idas e vindas, fazem apenas desacreditar da igualdade propalada
pela lei entre todos os brasileiros.
É urgente a reforma política do Estado
Brasileiro, a Lava Jato é um momento especial de fragilização das elites
governantes que poderia tornar mais palatável tal reforma na medida em que as
enfraquecem e colocam a necessidade de restabelecer o pacto da nacionalidade.
Mas ao contrário, se formos incapazes
de mostrar ao brasileiro que à mulher de Cesar não basta ser honesta, mas tem
que parecer honesta, podemos desacreditar as instituições e fazer crer que:
para os inimigos a lei, para os amigos, ora, para os amigos o sigilo, o
silêncio e o olvido indolor do tempo.
*-
Texto originalmente publicado no jornal Diário dos Campos, na coluna: pensar
sem medo.
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