Sebastián Piñera, ex-presidente do
Chile, teve uma grande sacada no dia 31 de janeiro. Não é que os Estados Unidos
estão sendo governados por Donald e Mickey?
Escreveu o ex-dirigente no twiter:
“Donald Trump escolheu Mickey Pence como vice-presidente. Ou seja, os EUA são
governados por Donald e Mickey. Será que Walt Disney sonhou com isso?”.
Independente da constatação preclara,
a atuação de Donald Tramp nestas primeiras semanas faz com que a sociedade
política se pergunte se ele vai ou não vai descer do palanque tão cedo.
O populista e demagogo presidente vem
tomando medidas para pôr em prática todas as suas promessas de campanha, mesmo
as mais delirantes e radicais. Assim, é importante então saber se, e em que
escala, ele será contido pelo aparato institucional norte-americano.
Ocorre que ele é um desafio ao modelo
de democracia representativa de voto universal e facultativo. E não faz
qualquer segredo do seu desprezo quanto ao modelo, utilizando-se de forma
oblíqua do sistema para fraudá-lo.
Obama que governava com minoria em
ambas as casas do Congresso, atuou muito por meio de decretos. Assim, Trump tem
tido pouco trabalho para desmontar o que restou da administração democrata e
para cumprir suas promessas.
Imediatamente editou normas contra os
imigrantes. Diante do caos instalado com o decreto que limitou a entrada de
estrangeiros, juízes não tardaram em conceder liminares suspendendo alguns dos
efeitos da medida.
Ora, o que Trump fez foi cumprir com
seus compromissos eleitorais. Sabidamente condenamos os políticos que prometem
durante a campanha e simplesmente esquecem tudo ao assumir o poder. Donald
esbarrara na lei, pode até recuar
parcialmente, mas ele tem maioria em ambas as casas e seu humor é muito
parecido com o tio de Huguinho, Luizinho e Zezinho.
Há que perceber que há uma nova forma
de fazer política no espectro à extrema direita e que suas atitudes já bastam
para ser vendidas como uma vitória a seus eleitores.
Ele pode dizer a seus simpatizantes
que está trabalhando para tornar as fronteiras seguras, para recuperar os
empregos dos americanos, restituir-lhes a estima. Para o presidente a mídia, a
elite política, os eleitores de Hilary e aqueles que se abstiveram não estão
entre as prioridades e preocupações.
Tal é, em última análise, o resultado
das democracias com voto universal onde a maior minoria é sempre capaz de
impor, quando organizada e bem explorada, seu modelo de mundo, fundamentado em
seus preconceitos e ideologias.
Trump como novo presidente está
tentando provar que é um homem de palavra e que cumpre suas promessas, o que
rompe com o modelo da classe política e faz com que sua penetração no
imaginário do americano médio se faça ainda mais fortemente.
Se suas atitudes tresloucadas não
redundarem em inflação, perda de poder aquisitivo, perda de influência no mundo
e dificuldades econômicas pelo seu amadorismo voluntarista, há um grande risco
de vermos esgotado o modelo político de Alexander Hamilton e Thomas Jefferson
Se agisse de outra forma, seria
classificado como um político igual aos outros e rapidamente perderia sua base
de apoio. Ao sair logo de cara atirando para todos os lados contribui para a
reputação de jogador duro, que poderá ajudá-lo em futuras negociações.
Num mundo em que a mídia eletrônica é
todo poderosa para estabelecer o que é a verdade, até que ponto a doutrina dos
fatos alternativos não veio para perpetuar uma nova etapa da política e da
história do Ocidente?
*-
Texto originalmente publicado no jornal Diário dos Campos, na coluna: pensar
sem medo.
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