domingo, 27 de maio de 2018

A “Greve” Espúria








Os brasileiros estão sendo vítimas de desinformação, de criminosos e de um governo absolutamente incapaz de dizer a verdade e de resolver o problema que aflige a sociedade.

A primeira coisa que temos de dizer com todas as letras é que a “greve” dos caminhoneiros é espúria, desonesta e contra os interesses da população brasileira. Sem que se tenha em mente isso, seremos incapazes de compreender a verdadeira natureza do colapso dos transportes no Brasil.

Obviamente que o que vem acontecendo em nosso país é resultado de uma visão míope da classe política sobre as necessidades de desenvolvimento e de planejamento de transportes, porque num país de dimensões continentais, com a rede hidroviária e mais de 7000 Km de litoral, obviamente teríamos de ter desenvolvido navegação de cabotagem, uma malha ferroviária e hidroviária que não permitisse a dependência de caminhões como hoje se apresenta.

Mas isso não se resolve em 7 dias!

Para entender os momentos kafkianos que vivemos, em que um governo incompetente, incapaz e despreparado anuncia um acordo, antes de entender o que está acontecendo e onde nenhum ministro ainda foi demitido por incompetência, principalmente aqueles responsáveis pela inteligência, há que se entender o que levou à atual situação.

Em 2006 o governo do PT propôs o programa de financiamento para a compra de caminhões (Procaminhoneiro), lançado como nova tentativa de atender à necessidade de renovação da frota brasileira de veículos.

“- Espero que estejamos fazendo a coisa certa. Espero que não seja mais uma medida que não tenha resultado” - afirmou à época Lula da Silva, ao lançar o Procaminhoneiro.

O governo federal passou a liberar créditos pelo FINAME, linha de crédito do BNDES, para a aquisição de caminhões. Ora, enquanto a economia brasileira crescia e se aquecia, a demanda por serviços de transportes aumentou e com isso o frete subiu e estimulou ainda mais o crescimento das frotas de transportadoras.

Nesse mesmo período o Estado brasileiro embrenhou-se na Nova Matriz Econômica, uma maquiagem do velho Nacional Desenvolvimentismo do Regime Civil Militar e tinha como um de seus pilares a intervenção do Estado na Economia, com controle dos preços dos combustíveis artificialmente para conter a inflação e estimular artificialmente a atividade.

Como resultado dos desmandos econômicos do período Dilma, a CIDE acabou por zerar e a Petrobrás só não foi à falência porque é uma empresa de capital misto e não se tem coragem de reconhecer que ela quase se tornou inviável.

Como resultados dos desmandos e da ensandecida condução da Economia pelo governo de Dilma Rousseff, em 2015 o PIB per capita recuou 4,3% e em 2016 outro recuo de 4,2%. Ou seja, em 2 anos o país recuou 8,32% per capita. O colapso da economia determinou uma redução intensa da atividade econômica, consequentemente, os preços deprimiram e por óbvio, o preço dos fretes também deprimiu, por excesso de oferta do serviço e falta de demanda!

Concomitantemente, a Petrobrás para não quebrar teve de instituir uma administração responsável e uma política de preços realistas. Chamou-se um CEO insuspeito, Pedro Parente, que passou a aplicar preços internacionais para os produtos da estatal.

Como as desgraças não vêm sozinhas, neste período Trump assume a presidência dos EUA e a instabilidade política internacional e o colapso da produção na Venezuela, um dos maiores produtores internacionais, fez o barril de petróleo mais que dobrar seus preços em um ano alcançando U$ 85!

Pior, vivemos um período eleitoral marcado pela desconfiança e pela imprevisibilidade. O Dólar se valoriza no mundo pelo aumento da taxa de juros na América e porque começa a haver uma desconfiança geral nos mercados o que leva à especulação contra a moeda brasileira, estourando o valor do Dólar contra o Real.

Como reconheceu Márcio França, governador de São Paulo, os transportadores estão começando a pagar para trabalhar, mas a culpa não é do povo brasileiro. Em última análise não é responsabilidade do Estado Brasileiro.

Quando a oferta de um serviço é superior à demanda por ele, seus preços se deprimem. Quando a atividade econômica entra em colapso, a demanda por transporte fatalmente irá diminuir e como consequência seu valor será menor.

Em contrapartida, temos de ter uma política honesta e séria de preços dos combustíveis além de ter de repor na Petrobrás tudo que foi roubado pelos governos de Lula e Dilma, na medida em que a estatal não é do povo brasileiro, mas de seus investidores e estes ganham na justiça o direito de ver ressarcidos os prejuízos causados pela elite política corrupta.

Ora, temos que entender que quem está promovendo a “greve” dos transportes não são em princípio os transportadores autônomos. Estes apenas estão colocando a corda no próprio pescoço, após comprarem a ideia de paralisarem o Brasil, para que os grandes transportadores consigam transferir o colapso da sua atividade para a bolsa da viúva.

O que vemos é que as leis de mercado determinaram que deverá haver um profundo e doloroso ajuste do setor de transportes, com redução da frota e maximização de sua eficiência. Com a “greve” que busca basicamente transferir renda da sociedade brasileira para os grandes transportadores, o que se deseja é novamente repactuar o que já conhecemos no Brasil: privatizar lucros e socializar prejuízos.

A “greve” busca transferir para o pagador de impostos brasileiro a crise do setor de transportes. Como vivemos o momento de crise que necessariamente levaria a um novo ajuste com, obviamente, dolorosas perdas para os transportadores e que só será aplacada quando houver um equilíbrio entre oferta e demanda do serviço, provavelmente com falências, com perdas de postos de trabalho, os grandes transportadores resolveram fazer o “locaute” e iludiram os autônomos para que comprassem a ideia de colocar de joelhos a sociedade brasileira.

Ocorre que, os transportadores autônomos são apenas marionetes e não percebem que cada dia de paralização da economia o PIB deprime ainda mais, a recuperação econômica, que já está comprometida, não acontece e como resultado, a demanda por transportes deprime ainda mais, os fretes deveriam ainda diminuir e é por isso que buscam uma tabela mínima de frete, algo impensável numa economia de mercado.

O que acontecerá com o movimento é uma concentração do setor de transportes e não um crescimento, haverá menos demanda pelo serviço e quem sobreviverá serão os grandes transportadores que se prepararam para o colapso da economia, retirando do setor exatamente aqueles que parecem ser os líderes da “greve”, o transportador autônomo.

Com o atual movimento, os grandes empresários do transporte transferem para a sociedade brasileira o ônus do colapso econômico do governo Lulo-petista, afastam do mercado necessariamente, os transportadores autônomos, fazem retornar ao horizonte do Brasil tabelas de frete e controle artificial de preços de derivados de petróleo e ressuscitam os famigerados subsídios que são o veneno mortal contra o desenvolvimento econômico.

Hoje, os inocentes úteis, transportadores autônomos, estão colocando a corda em seus pescoços, arruinando a economia do país, privatizando lucros e socializando os prejuízos dos grandes transportadores e por fim, produzindo dor, revolta e sofrimento numa crise de desesperança que não tem solução fora do mercado.

Tal solução é dolorosa, demorada e não pode ser atendida plenamente por um governo sem autoridade.

O resto é mentira, engodo e a sociedade é refém de um movimento desonesto e espúrio!

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