Tive a honra de
acompanhar a posse dos três secretários do Conselho de Administração do Centro
Acadêmico Hugo Simas, dos alunos de direito da Universidade Federal do Paraná
para o biênio 2015 e 2016.
Há apenas alguns anos,
a solenidade de posse era feita no Salão Nobre, à noite, com a presença do
corpo docente e discente, numa cerimônia concorrida que ilustrava bem a
importância do Centro Acadêmico na vida universitária e na formação política de
nossos estudantes.
Porém, em uma gestão
equivocada do Partido Acadêmico Renovador, processou-se à alteração do Estatuto
e coerente com a guinada de esquerda daquele partido, eliminou-se o cargo de
presidente e criou-se o triunvirato, uma espécie de Politburo, ao melhor estilo
URSS de 1970.
Não podemos esquecer
que a vaidade de ser o último presidente do CAHS esteve entre as razões “ideológicas”
para a nefasta alteração do Estatuto. Desde então, o desinteresse e a
despolitização das camadas mais sérias do estudantado, deixou que a alteração
se perpetuasse no tempo, e que a cerimônia de posse se transformasse numa
burocrática transmissão de poder, entre apenas os correligionários do grupo que
assume a direção do Centro Acadêmico.
O ponto alto da
cerimônia foi o discurso do Diretor da Faculdade de Direito da UFPR, a quem
reconhecemos o mérito de comparecer e prestigiar a transmissão de poder, em que
fez questão de ressaltar a necessidade de fortalecimento das instituições
universitárias, do diálogo e mais importante que tudo, da Lealdade entre
estudantes e professores, entre Centro Acadêmico e Direção.
À exceção de dois pais,
não haviam convidados. Pergunto, os alunos não convidaram seus familiares? Tal
seria declarar a desimportância do momento por parte dos seus ocupantes. Os
familiares não vieram por desconhecer a importância do evento? Tal seria uma
injustificável compreensão de que ali se constrói uma escola de cidadania, se
levantam os futuros agentes políticos, se moldam as novas lideranças. E os
alunos das outras correntes, por que não compareceram? Desdém, desimportância,
covardia?
O próximo passo, nome
que foi escolhido pela chapa ora no secretariado do histórico CAHS é resgatar a
dignidade, a importância e a dimensão histórica do CAHS. Onde estavam os
professores. A Universidade não surgiu como uma corporação de alunos e
professores para o ensinamento dos saberes, para a pesquisa, para o crescimento
intelectual? Como chegamos à condição de alunos passivos, professores
dissociados dos embates acadêmicos?
A falta de um protocolo
para a transmissão bem demonstra o abandono da instituição CAHS, que repitamos,
não é responsabilidade das gestões dos últimos anos, mas daquelas que
deformaram institucionalmente um patrimônio da escola de Direito da UFPR.
Assim, há que
reconhecer o imenso trabalho de aglutinação, de união, de diálogo que os
secretários Luzardo Faria, Ginny Kroetz e Paula Tracz fizeram em seu biênio,
mas agora, ao assumirem, Kessller Almeida, Pedro Henrique Carvalho da Costa e
Rodrigo Saturnino, junto com uma equipe de jovens, muito jovens e determinados
estudantes do direito, com Marina Amari, tesoureira, Tamiris Cristal,
coordenadora de extensão, Vinícius Assef, coordenador de pesquisa, Lucas
Saikali, coordenador de eventos, Fernanda Moriggi e Luisa Hapner, coordenadoras
de comunicação e imprensa, Juliana Becker, coordenadora cultural, Leonardo
Pellegrini, coordenador social, Cassiano Zimmermann, coordenador de qualidade de
ensino e Vitória Segato, coordenadora jurídica, terão muito trabalho pela
frente, deixei por último o coordenador do movimento estudantil Gustavo dal
Cortivo que terá muito trabalho para levar aos corações do corpo discente a
importância, a grandeza histórica e o valor de se estar na UFPR, de fazer parte
do CAHS e de participar de todos os eventos, independentemente de suas cores
ideológicas.
A posse no CAHS deve
novamente ser noturna, todos em trajes sociais, com a presença importante dos
professores que se importam com a formação cívica de seus alunos, com a
oposição em condição de reconhecimento e respeito a quem vence, a quem
trabalhou e a quem se propõe a fazer melhor, sempre que possível.
Lealdade, talvez o
momento crucial desta Universidade exija uma reflexão demorada, sincera e
peremptória, no sentido de unir o corpo discente deste curso. O próximo passo senhores,
é resgatar a dignidade perdida, é atribuir valor aos seus cargos, é reconhecer
que nasce uma plêiade de novos líderes, é fazer com que a sociedade, a começar
por pais e professores, reconheçam a imensidão dos seus esforços, o orgulho de
tê-los como filhos, representantes de um Brasil do futuro, que está sempre no
futuro, porque esquecemos nossos valores, tripudiamos nossas tradições e
repetimos impensadamente slogans de uma tradição stalinista fossilizada no
passado.
A vocês Kessller
Almeida, Pedro Henrique Carvalho da Costa e Rodrigo Saturnino, meu maior desejo
de sucesso, e que efetivamente deem o próximo passo resgatando a dignidade e o
valor desta instituição já quase centenária, o Centro Acadêmico Hugo Simas, dos
estudantes de direito da Faculdade de Direito da respeitada Universidade Federal
do Paraná.
Parabéns Diretor Dr.
Ricardo Marcelo Fonseca, por atribuir a importância que o momento exigia.
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