Lula da Silva tinha indizível
prazer de em seus discursos anunciar que “nunca antes na história desse país”.
Com o anúncio de que o PIB brasileiro recuou 3,6% em 2016, lembrei de uma fala
do filme Café Society de Woody Allen: Viva como se este fosse o último dia da
sua vida e, um dia, você terá acertado!
Realmente o PT conseguiu marcar
a história do país, não só pelo aparelhamento do Estado, pelo desmantelamento
das instituições, pelo nepotismo e apadrinhamento, pelos maus exemplos de “Lei
de Gerson”, mas também, pela incrível capacidade de produzir crises e
descalabro econômico.
Após 13 anos de governo
lulo-petista e de um ano marcado por turbulências políticas, mais uma queda de
3,6% no Produto Interno Bruto, de acordo com dados divulgados pelo IBGE nesta
terça-feira (7 de março) mostram bem o que o gigantismo do Estado e a tentativa
de substituir o esforço individual pelo paternalismo governamental são capazes
de produzir.
Foi o segundo ano seguido de
queda do indicador, que já havia recuado 3,8% em 2015. Sabemos que o início da
recessão deu-se em 2014, e desde então o país acumulou queda de 9%, sabidamente
a pior já registrada na história desde 1947.
Com o recuo de 0,9% no PIB do
quarto trimestre, o país acumula 11 trimestres seguidos de recessão. A economia
brasileira está de volta no mesmo nivel do terceiro trimestre de 2010.
Realmente o ex-presidente tinha
razão, nunca antes na história deste país a recessão tinha se dado em todas as
esferas da economia, nem tinha se prolongado ininterrupta por tanto tempo. Um
reflexo claro da incompetência para a governação e do prejuízo causado pela
corrupção sistêmica instalada no organismo do Estado.
O Estado não produz nada,
retira os recursos para os serviços que presta da sociedade, atua como um Robin
Hood, mas é importante que ele seja capaz de devolver algo de boa qualidade e
que interesse ao pagador de impostos, sempre limitando sua avidez para que não
mate a “galinha dos ovos de ouro”.
Estradas estão abandonadas, malha
ferroviária estagnada, navegação de cabotagem inexistente, crise permanente no
transporte aéreo, enfim, um legado invejável da esquerda.
Como é possível conviver com um
investimento de apenas 16,4% do PIB? 2016 foi o pior ano da série histórica do
IBGE, e ainda convivemos com os escândalos de roubos e desfalques no fundos de
pensões, nas estatais, bem como o comprometimento de todo o sistema político.
Lula da Silva tem falado em
defender o seu legado. Mas me pergunto, que legado? Mesmo aqueles que poderiam
ser-lhe apontados como positivos, não mais se sustentam frente ao descalabro
resultante do conjunto da obra.
De outra forma, os governos do
PT foram tirados de Brasília por que a inflação chegou a dois dígitos, a
recessão foi a maior da história, a corrupção tornou-se endêmica.
O que devemos repensar é a
legitimidade da forma de governo no Brasil. Desde a proclamação da República, o
exército apoderou-se do poder Moderador, mas quando o exerceu, deixou-nos como
herança não uma esquerda aniquilada, mas ao contrário, ávida pelo poder e por
rapinar o Estado, o que se pode constatar com as eleições de 1994, 1998, 2002,
2006, 2010 e 2014.
Tenho visto, infelizmente,
algumas manifestações a favor de nova intervenção militar. Será que já
esquecemos que Lula da Silva, Dilma Roussef, FHC, José Serra e toda a esquerda
foi criada e cevada no Regime Militar?
Há uma forma de corrigir a
história, para não sermos condenados a repeti-la. Maturidade quando estivermos
sozinhos na urna eleitoral, não reelegendo, porque se há uma escória política
corrupta, esta começa quando apertamos a tecla verde da urna!
*- Texto originalmente publicado no jornal Diário dos Campos, na coluna: pensar sem medo.