Muito se tem falado da possibilidade
de Jair Bolsonaro ser candidato a presidente e de chegar ao segundo turno das
eleições presidenciais de 2018 no Brasil! Seria uma repetição de 1989?
Em 1989 estávamos sob o governo de um
vice-presidente do PMDB, que governava sem ter sido eleito diretamente e não
tendo assumido o presidente eleito pelo colégio eleitoral e cabeça da chapa do
acordo das elites políticas para permitir a transição do regime militar para a
democracia em 1985.
Collor de Mello o caçador de Marajás,
foi um produto da mídia, vendido como salvador da pátria, principalmente pelos
grandes meios de comunicação, para nos salvar do “sapo barbudo”, candidato pelo
PT, criação do mago Golbery do Couto e Silva.
Hoje, a mídia tem dado lastro ao
deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) que em recente pesquisa do DataFolha
cresceu e aparece no segundo lugar da corrida presidencial em 2018,
empatado tecnicamente com a ex-senadora Marina Silva (Rede).
Como em 1989, vivemos uma crise
econômica portentosa, que se arrasta, vivemos sob um governo de legitimidade
duvidosa, e novamente estamos ameaçados pelo “sapo barbudo”, criação demiúrgica
da ditadura militar.
Ocorre que o desalento político que vivemos
é fruto da repetição histórica dos golpes militares e de suas funestas
consequências. O primeiro, a deposição do Gabinete do Visconde de Ouro Preto, o
último do Império, resultou na atrapalhada e pantagruélica proclamação da
República.
Essa viveu de sobressaltos, em 1891
com o fechamento do congresso pelo Generalíssimo, a posse do Vice-Presidente em
exercício até o final do mandato, a crise de 1922, o golpe militar apropriado
pelas oligarquias dissidentes em 1930, a revolta de 1932, a constituição falhada
de 1934, o golpe militar-oligárquico amparado por Góes Monteiro de 1937 e
novamente ele em 1945, o golpe parlamentar de 1961, o militar de 1964, outro
parlamentar em 1985 e um novo em 2016.
Bolsonaro não poderia e não deveria
ser levado a sério, com seu discurso vetusto, incoerente, de ódio e que é o
pior do reacionarismo militar na história do país. Mas, ganha mídia, amparado
na ignorância histórica e na falta de convicção democrática do povo, alimentada
justamente pelos sequazes do “sapo barbudo”.
Na recente pesquisa divulgada na Folha
de domingo (30/4) o deputado Bolsonaro, que tem posições reacionárias
e de extrema direita, subiu de 9% para 15% empatado com Marina.
Já é o segundo nome mais lembrado de
forma espontânea, com 7%. É menos que os 16% de Lula da Silva, mas acima
dos 1% de todos os outros. A quem interessa fixar na memória do eleitor o nome
do militar político?
Estamos a caminho de ficar entre
escolher Lula da Silva ou Bolsonaro? Improvável, mas há que se alertar para o
que as pesquisas trazem, de que há uma campanha para fixar um nome como
antípoda do petista, permitindo daí surgir um salvador da pátria! Dória?
Lula da Silva, a exemplo de outros
líderes carismáticos como Ademar de Barros, Paulo Maluf, Ronald Reagan e Donald
Trump, se tornou um candidato que resiste a denúncias que se revelariam fatais
para políticos normais.
Mas é tempo de a grande mídia assumir
sua responsabilidade de limitar o espaço das bizarrices da política brasileira,
de permitir discutir-se a herança maldita de acreditar que os militares sabem
governar e amam a pátria, e de acabar com a fantasia sebastianista que assola
nossa cultura política.
Vamos ficar alertas para que o
discurso de ódio e de divisão dos 13 anos de PT não se traduzam mais uma vez na
escolha entre o ruim e o pior. Não precisamos de salvadores da pátria,
precisamos de políticos que respeitem a lei, que dignifiquem o Estado de
Direito e que tornem o Estado não um peso, mas um elemento de auxílio à
formação de uma grande sociedade.
*- Texto originalmente publicado no jornal Diário dos Campos, na coluna: pensar sem medo.
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