Neste momento de histeria
coletiva pelo “estupro” de uma menor de 16 anos no Rio, supostamente por 33
homens, discute-se a relação, de forma apaixonada e inadequada, de estupro e
cultura no Brasil.
Num primeiro momento a menina,
porque se trata de uma menina, uma adolescente de 16 anos, no dia 26 de maio,
uma quarta-feira, disse que acordou com “33 caras em cima de mim”. A descrição
do fato está mais para uma hipérbole do que para a constatação de um fato real.
A imprensa, mais que
imediatamente, passou a dar uma divulgação superlativa ao fato, que ganhou
notoriedade nos mais diversos grupos de lutadores e defensores das diferenças e
disputas de gênero, e por fim, um delegado e o Presidente Interino da República
acabaram por ser envolvidos num fato, que em que pese de grave e grande
importância, acabou ganhando notoriedade pela histeria coletiva que despertou.
O primeiro problema da polícia
e da sociedade é encontrar 33 estupradores, mesmo tendo sido constatada a
ausência de lesões compatíveis com a violência sexual pretensamente perpetrada pelo hospital onde foi atendida a vítima.
O segundo problema é que ninguém tem a coragem de dizer publicamente que há na
história vários elementos com inconsistência e que houve precipitação na forma
de divulgação e de enfoque do fato.
Como no caso da Escola Base
que explodiu em 28 de março de 1994 e determinou mais de 18 anos depois na
condenação da Globo em uma indenização por danos morais de R$ 1,35 milhão, a
imprensa retira o fato de seu contexto, preenche-o de um conteúdo moralista, e
muitas vezes hipócrita, e os plantonistas da guerra de gêneros fazem o resto.
Como homem, ouvi nos últimos
dias muitas ofensas, li estereótipos incoerentes e ouvi opiniões absurdas, como
a de que o estuprador comete o ato imaginando-se ou desejando ser a vítima,
aliás, opinião esta esposada na Folha por articulista que se intitula
psicanalista.
A violência contra a mulher e
contra o transgênero, o homem, a criança ou o adolescente existe de fato na
sociedade, mas não se trata de algo cultural ou natural. Nossa sociedade
estimula com o marketing e outras formas subliminares o desejo sexual, mas tal,
não pressupõe necessariamente a violência sexual que nasce da pobreza, da
intolerância, da marginalidade e mais que tudo, de uma forma de compreensão da
realidade que ou nos garante a impunidade ou nos ameaça com a severidade
excessiva.
Não é com a glamourização de
uma suposta vítima de estupro, que está mais para uma vítima de suas próprias
escolhas e pela imbecilidade de um namorado que permite gravar sua namora pelo
melhor amigo e ainda divulgar em rede social, o que de fato configuraria uma
violência à intimidade e à imagem, que se fará a apologia do direito à
liberdade e integridade sexual.
Gastaram-se rios de tinta nos
últimos dias para defender que houve estupro, que há um bando de marginais
sexuais andando livremente pelo Rio de Janeiro, quando na realidade o que temos
é um bando de ignorantes que não sabem medir as consequências de seus atos,
expondo sua patetice nas páginas do Facebook e outras tentações que nos fazem
olvidar os princípios mais elementares do convívio social.
Houve estupro? Sinceramente
não saberia afirmar e, correndo o risco de desconhecendo todos os fatos errar,
acredito que não. A delegada designada não tem a isenção necessária para a
apuração dos fatos e a exploração política do ocorrido velam a verdade. Tanto assim, que teve de admitir a soltura do namorado, tido como suspeito de participar do crime, porque insustentável a prisão temporária.
Não, nós homens não somos
estupradores em potencial, nossa cultura não nos torna prováveis estupradores,
e o fato de olharmos e desejarmos uma mulher não nos transforma em
transgressores.
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