sexta-feira, 3 de junho de 2016

Lava Jato e Jucá





A Folha divulgou conversa entre Romero Jucá e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro em 23 de maio e desde então, mais uma vez, se coloca o governo de Michel Temer contra a parede.
Segundo o “furo de reportagem” a Folha teria revelado que, em conversa de março com o Sérgio Machado, Jucá teria sugerido que uma "mudança" de governo poderia levar a um pacto entre governo, Supremo e Legislativo para "estancar a sangria" causada pela Operação Lava Jato. 
Jucá confirmou a conversa com Sérgio Machado, ao contrário do que acontecia no governo de Lula e Dilma, e teve a coragem de afirmar que era amigo. "O ex-senador Sérgio Machado, a quem considero amigo, foi à minha casa numa manhã, na hora do café da manhã, e me procurou para conversar".
A conversa, que foi gravada sem o conhecimento de Jucá, teria ocorrido semanas antes da votação na Câmara dos Deputados que aprovou a autorização do processo de impeachment da presidente Dilma.
Ocorre que, diferentemente de Delcídio do Amaral, de Dilma e de Lula, Jucá nunca praticou qualquer ato que pudesse ser tomado como ingerência ou tentativa de “melar” a operação Lava Jato. Ora, na conversa no Roda Viva em 16 de maio, Delcídio em dada altura diz que seu agir era político, que para o bem e para o mal, tal agir tem um código próprio que muitas vezes é incompreensível para o cidadão.
Não se trata aqui de defender Jucá. Sequer de defender uma postura de acordão mas, lendo a conversa entre este e Sérgio Machado não vislumbro qualquer tentativa, ou qualquer plano de ação que pudesse interferir na operação que “passa a limpo” o Brasil. Muito provavelmente qualquer político, no momento e nas circunstâncias que vivia Jucá naquele momento, faria discurso semelhante, sem que isso efetivamente significasse qualquer interferência.
No diálogo Machado diz a Jucá que novas delações na Lava Jato não deixariam "pedra sobre pedra" e que seria necessário "montar uma estrutura" para que a investigação contra ele, Machado, não fosse para o juiz Sérgio Moro. Ora, isto poderia ser um pleito de Sérgio Machado, que acredito esteja com muito medo das investigações, mas o que poderia ter dito Jucá a ele?
Quando Jucá responde a Machado que seria necessária uma “ação política" sugerindo que uma mudança do governo poderia trazer um quadro favorável, isto não quer dizer que ele tenha o poder, tenha a intenção ou interfira para tal mudança. Mostra apenas um político articulado, inteligente e capaz de perceber a intenção do outro e de responder o que o outro quer ouvir. Onde está na mudança de governo a transformação do quadro investigativo? Qual a interferência?
Dizer que a mudança de governo serviria para estancar a sangria é mais que tudo um discurso para os ouvidos de Sérgio Machado, e para e economia interna do meio político, no entanto, não se vê que Jucá tenha a intenção ou o poder de interferir na Lava Jato.
Neste momento, a conversa entre Jucá e Machado é mais um factoide político voltado para o emparedamento do Governo Temer, como o caso do Ministro da Transparência, ligado a Renan, e fazer o Brasil permanecer em crise política, que contamina de forma imperdoável a economia e a sociedade.
Não se trata de proteger ou defender Romero Jucá, mas vamos ser honestos, se há crime, estes estão sendo investigados pela Lava Jato, e não vejo no horizonte ninguém com poder para frear os “meninos de ouro” do Ministério Público Federal em Curitiba, nem qualquer político com um mínimo de sanidade pensar que pode intimidar Sérgio Moro.
O resto é discurso para vender jornal e tentar desestabilizar o governo Temer!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado porparticipar deste blog, seus comentários são muito importantes para mim e tão breve quanto possível, responderei e tecerei considerações sobre seus comentários!