sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Caduquice da Petrobras





O grande jornalista brasileiro Paulo Francis (1930-1997), lúcido e crítico há muito tempo da caduquice da Petrobras, é bastante atual quando se trata da deriva em que se encontra a estatal do óleo, disse ele:

Godzilla morre no fim. Mas faz um estrago dos diabos.
Paulo Francis

A Petrobras que vem sendo submetida a sucessivas diretorias incompetentes, indicadas pelo PT, diretorias que procuram dar um rumo diferente à empresa, sem reduzir as intervenções políticas que caracterizaram as suas gestões, vive agora a enganação de uma diretoria que estaria infensa a estas influências, o que não é verdade.
Após vários resultados ruins, seguidos das mais espirituosas e mirabolantes explicações, os resultados do terceiro trimestre não trouxeram boas novas. De um prejuízo de R$ 1,3 bilhão no trimestre anterior evoluiu para um lucro de R$ 5,6 bilhões, mas tal avanço não reflete mais que ajustes contábeis, maquiagens da caduquice da megalômana estatal.
As dificuldades eocômico-financeiras atribuídas pela estatal à desvalorização do real, encomendada pelos usineiros e sojicultores, em detrimentos de toda a estrutura produtiva do país, teve impacto negativo, segundo a contabilidade, da ordem de R$ 7,2 bilhões, resultando daí o prejuízo financeiro. Por ter dívidas em dólares, sempre que essa moeda se valoriza, o ajuste reduz o ganho da petroleira.
Descontado tal efeito cambial, o lucro ficou no mesmo patamar do segundo trimestre. A persistir tal trajetória de rentabilidade no restante do ano, o retorno sobre o capital da empresa (ou ganho comparado com patrimônio) tangenciará 8%, aquém de anos anteriores.
Mas as coisas continuam mal, a produção em queda, a importação de derivados em alta, e assim, os principais vilões para a direção da estatal, permanecem os mesmo, e que por definição são a baixa eficiência operacional e insistência do governo em manter os preços dos combustíveis defasados em relação aos custos de importação da gasolina, uma diferença que traz prejuízos à empresa. Ora, baixa eficiência operacional é má gestão, é praga crônica do estatismo, tem a cara do PT, quanto aos preços defasados, isto absolutamente só é verdade quando a estatal tem prejuízo, porque quando tinha lucro, e o preço do barril caiu, ninguém viu desconto no preço da gasolina.

A FOLHA em seu editorial do dia 1 de novembro começa por afirmar que os aumentos recentes nos preços internos do diesel, da ordem de 10,6% e da gasolina, esta em 8%, não  teriam sido suficientes para compensar as perdas com a importação de derivados, que resultam da incompetência e dos erros da política cambial, batendo assim recordes. O fato é que ao elevar a taxa de câmbio, a conversão de cana em açúcar que já vinha sendo mais vantajosa, passou a superar imensamente a produção de álcool, tornando o combustível verde proibitivo na bomba para o consumidor, mas extremamente lucrativo para o produtor. Ainda, com a redução do consumo de álcool e aumento do consumo da gasolina, de exportador passamos a importadores líquidos do produto que vem onerado pela taxa de câmbio. Acrescente-se a isso, uma política errática e sempre atrabiliária de aumento e diminuição do percentual de álcool anidro na gasolina e temos o pior dos mundos, apenas e exclusivamente por INCOMPETÊNCIA!
Para piorar, atacado de um Getulismo atávico e anacrônico, optou a estatal, a mando do governo, por dar preferência a equipamentos nacionais para explorar um duvidoso e custoso pré-sal, mas isto eleva os custos de exploração, sem compensação na comercialização do produto. Mas o Lula da Silva ficou com as patinhas sujas de petróleo não ficou?
Operacionalmente a estatal não tem se saído melhor e a produção se compararmos setembro de 2011 a setembro de 2012 é 8% menor atingindo a produção doméstica 1,9 milhão de barris/dia, depois de ter alcançado no passado, em 2010, 2,12 milhões de barris/dia. Por outro lado os custos crescem acima do esperado porque a ineficiência da empresa estatal cresceu nas sucessivas administrações petistas. Na extração subiram estratosféricos 15% e no refino 18%, o que bem demonstra que a luz vermelha está há muito acesa sem ninguém saber o que fazer.
Muito do diagnosticado pela FOLHA está certo, no entanto a solução que é o aumento dos preços internos, para torna-la mais competitiva, é um erro grosseiro de análise, porque novamente transfere para o contribuinte o ônus de arcar com a ineficiência do Estado. Em 1994, quando do Plano Real, o preço da Gasolina no mercado interno era da ordem de R$ 0,56, hoje R$ 2,89 o que resulta um acréscimo no período de 416,07%. Neste mesmo período o Barril de Petróleo acresceu 454%, o que não é muito diferente, apesar de que no período houve momentos de depressão do preço internacional, sem a contrapartida de repasse para o consumidor interno.
O problema, e portanto, o ponto de partida para a solução do problema, é resolver o que fazer com uma Estatal inchada, cheia de pelegos em cargos desnecessários, a maximização dos recursos, a busca de insumos mais baratos, independente de um nacionalismo canhestro, populista e getulista anacrônico, o fim dos incentivos e verdadeiros subsídios à indústria sucro-alcooleira, e um cuidadoso exame da composição dos preços dos combustíveis no Brasil.
Hoje assim está composto o preço do combustível derivado de petróleo:
19% é o custo de distribuição e lucro de revenda;
8% é o custo do etanos anidro;
28% é a tungada do ICMS;
8% é CIDE, PIS, PASEP, COFINS;
37% efetivo valor do combustível devido à Petrobras.
Fácil de observar que, o álcool anidro que representa 8% do preço, e o combustível efetivamente custando com lucro, produção e distribuição pela Petrobras apenas 37%, temos que se alinharmos o preço dos combustíveis teremos em cada litro de gasolina no tanque de seu carro, 45% de preço efetivo! 19% é a margem absurda de lucro e distribuição, o que representa quase 50% sobre o combustível, e por fim os impostos, estes sim, escabrosos, verdadeiro confisco, e que se elevam a 36%.
Ora, quando temos sobre o preço efetivo de um produto, uma carga tributária de 80%, não há como tornar o preço minimamente reflexo da real necessidade do consumidor e do produtor. A estrutura de preços dos combustíveis no Brasil é um assalto ao nosso bolso, e pensar que possamos nós consumidores novamente pagar pela ineficiência e pelo pantagruelismo estatal, é antes de tudo, pedir para o dono da granja ajudar o ladrão a levar as galinhas!
A Petrobras efetivamente não conseguirá cumprir as metas ambiciosas, custosas e arriscadas que foram traçadas para os próximos anos, porque são politiqueiras, porque são o reflexo de um Estado ineficaz e ineficiente, porque ela está sendo instrumentalizada para a perpetuação no poder de um partido comprometido apenas com um projeto antidemocrático.
Espero apenas que não venham pedir-nos para pagar a conta novamente!

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